domingo, 25 de novembro de 2012

ACORDEI




Acordei com vontade de conquistar:
Um pedaço de estrela
Um retalho de céu
Uma coberta de nuvem
Um sopro de mar.
Acordei e respirei fundo.
Sorri ao mundo
Como me habituei a fazer
A cada dia.
Acordei e nesse respirar
Envolvi em mim
Uma vontade imensa de Amar
Intensamente
Cada pedaço de vida
Cada fragmento de mim.
Acordei e pensei em ti.
Como fazia outrora.
Outrora lá distante
Longinquo.
Perguntei-me em silêncio
Onde estarias
Em que pensavas.
Mas o silêncio foi a minha resposta.
Acordei
E respirei fundo
Sorri
E percebi que nunca fizeste parte de mim
Nem do meu mundo.
Cristina Vaz

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


POR ONDE ANDARÁ O MEU ANJO







Por onde anda o meu anjo?
Que acordou os meus sentidos
Alguém me diz?
Sinto-o perdido
Perto daqui
E estranhamente longe
Distante e Frio.
Onde andará o meu anjo
A quem eu dava os Bons Dias
Com quem adormecia.
Aquele das horas mortas
A quem eu servia de companhia.
Comigo ele chorava e sorria.
Não importava muito mais.
E nesse nada que era tudo
Coexistíamos
Um sem o outro
Todavia alheios ao mundo
Aos outros.
Onde andará o meu anjo
Alguém me diz?
Cristina Vaz

terça-feira, 13 de novembro de 2012

SENTIR
 
 




Por vezes tenho medo de tocar.
De exteriorizar e que seja em demasia...
Questiono-me se serei uma pessoa fria....
Por vezes tenho vontade de abraçar.
Daqueles abraços sem palavras.
Daqueles abraços que não têem acabar...
Por vezes tenho vontade de não me limitar a ouvir.
De agir.De intervir.
Por vezes sinto que ficou muito por fazer no dia que findou.
Sentimentos que passaram
Beijos que não se deram
Palavras que não se pronunciaram...
Por vezes sinto um vazio
Como se estivesse à margem de um rio....
Por vezes.
Cristina Vaz

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

APRENDI





Aprendi que a Torre de Marfim que me entorpecia e embriagava os sentidos sempre tinha uma saída. Uma saída de um baluarte sem sentido do qual me resguardava de coisa nenhuma. Fora do Castelo não existiam dragões a cuspir fogo. Também não existiam príncipes encantados montados em cavalos brancos prontos a salvar a donzela em perigo.
Existia vida. Existiam homens e mulheres. Sentimentos. Atônita constatei que de nada valia temer o desconhecido.
Decidi romper com a letargia,com o conformismo, e partir qual barco à vela sem bússola nem destino.
Deixar a vida fluir apenas. Quando somos jovens idealizamos, perspectivamos, acreditamos que tudo é possivel de alcançar.
Caimos muitas vezes, mas apesar de no meio da história o decorrer não ser o que por nós foi imaginado, arranjamos sempre força interior para nos levantarmos novamente. Não interessa as vezes que caimos, mas o que apreendemos com as nódoas negras que ficam, quando nos reerguemos. Fortalece. Por vezes a dor alimenta-nos e certamente que nos torna mais fortes.
Que graça teria a vida se não tivessemos que lutar por nada?
Aprendi a valorizar tudo o que a vida me oferece e a agradecer por isso.
Ainda me resta aprender a ter fé, a acreditar que apesar de todos os momentos serem perecíveis não o são em vão.
Que tudo irá fazer sentido um dia....talvez num espaço sideral.
Cristina Vaz


HORIZONTE





A imensidão de um horizonte
Perdido no meio de nada e coisa alguma
Linha inatingível que separa o sonho e realidade
Magnânime e Inalcançável
Permanece imóvel e permite-nos sonhar
Com o que está para além da linha
E a vista não alcança
Perdida vagueio com o olhar faminto de infinito
Esperando transpor novas linhas
Mantendo vivo o sonho
Ansiando por realidade
No meio de nada e coisa alguma.
Cristina Vaz

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

 
NOITE
 




Sempre que chegas
Encerras em ti tantos segredos
Tantos silêncios
Sinto-te a falta.

Minha companheira de escrita
Em tí me inspiro
No teu silêncio
Na calmia das tuas horas
Que parecem infindas.


Anseio que chegues
Mas quero que partas


Amálgama de melancolia
E harmonia

Parte
Devagarinho
De mansinho
Ao romper da Aurora.

Para poder sentir
Que me fazes falta
Ao fim do dia
Á mesma hora

E te contar
como
o Sol
me aqueceu o coração
Durante o dia!
Cristina Vaz

quarta-feira, 7 de novembro de 2012



CASTELOS NA AREIA




Todos nós em certa altura da nossa vida já construimos castelos na areia.
Neles depositámos sonhos,ideais.
Em cada ameia um desejo
A cada grão de areia uma certeza.
Mas os castelos de areia são apenas isso.
Castelos feitos de areia.
Perecíveis como os nossos sonhos,
As nossas certezas,
A nossa vida.
Com o passar do tempo inevitavelmente desmoronam-se
E a certa altura a magia da construção não faz mais sentido
Torna-se hibrida
E o croqui do castelo
Apaga-se da nossa memória
Apenas porque nela já não existem castelos de areia.

Cristina Vaz

ESQUELETOS VAIDOSOS



Focando a retina naqueles com quem diariamente me cruzo
Que consigo eu ver?
Vejo seres humanos,
Alguns deles de vestes luxuosas, exibindo bens materiais, titulos académicos.Pessoas gradas.
Outros simples, sem grandes aparatos visuais, circunscritos ao que a vida lhes ensinou.
Despindo a vista do supérfulo e do acessório
Consigo ver para mais além...
Atônita constato que no fundo,
todos nós somos esqueletos vaidosos,
E em alguma altura da vida nos comparamos a outros "esqueletos"
Esquecendo que temos como handicape
A nossa condição humana
A mortalidade
Que no seu páramo
nos Reduz o corpo a pó
E nos liberta a alma.
Valerá por isso a pena
O nosso olhar de superior
Ou de inferior
Em relação ao nosso próximo?
Não seria mais justo
Olharmos todos na mesma direcção?
Cristina Vaz

terça-feira, 6 de novembro de 2012

COR




Acordei sobressaltada com o romper da Aurora.
Procurei-a por todas as divisões.
Nada.
Saíu assim como entrou. De forma inesperada.
Com ela levou aquele luto que eu carregava.
Mas deixou algo no ar.
Sabem quando há um incêndio?
Assim ficou a minha casa.
Meio chamuscada, Meio cinzenta. Meio sem cor.
Vou pintá-la. Decidido!!
Azul para o tecto.
Peço à Tiz algumas estrelas.
Vou encher o meu lar de cor. De vida colorida.
Agora a Tristeza irá pensar duas vezes antes de bater à porta.
Irá sentir o cheiro da tinta, como um repelente.
Estareí segura por uns tempos.
Descobri que a felicidade mora ao lado.
Apenas lhe dava os bons dias e passava discretamente.
Vou convida-la a entrar.
Nesga de SOL na janela do meu quarto.
Devo ir. Um dia espera por por mim.
Amo-vos.
Cristina Vaz
 
 
A MINHA VISITA
 


Hoje a tristeza bateu-me à porta.
Daquelas visitas inesperadas. Não me apeteceu abrir e fiz de conta que ninguém batia.
Mas ela persistente insistiu, insistiu e levou a dela avante.
Não a convidei a sentar com o pretexto que ia sair.
De nada me valeu. Veio para ficar.
Uma hóspede com bagagem para vários dias.
E um hóspede absorvente. Colou-se de tal maneira a mim que me acompanha para onde quer que eu vá.
Já não sei que fazer.
Tenho que aguentar estes dias e desejar que estes não se transformem em eternidade.
Tenho medo. Medo de me afeiçoar e ser eu quem não queira que ela vá embora.
No fundo sinto que me faz companhia.
Curiosamente em frente dela não consigo chorar.
A sua companhia torna-me resistente à dor exteriormente.
Não me deixa comover com facilidade e a catarse da alma estagnou.
Sinto que parte de mim morreu com a sua chegada.
Sinto-me num luto dorido mas sem uma lágrima corrida.
Já nem me sinto.
Cristina Vaz
DIÁRIO
 
 



Facilmente se compara a vida de cada um de nós a um Livro.
A analogia é de fácil trato.
Cada dia, uma página corrida.
Cada etapa importante da nossa vida um capítulo que se inicia.
Cada perda um capítulo que se encerra.
Dou comigo a reler páginas já escritas.
Existem dias em que tenho vontade de arrancar outras.
Sei que isso não é possível.
Este livro tem a particularidade de não permitir segundas edições, nem apagar o que já foi escrito.
Não existe a opcção Delete.
É um desafio aliciante.
Sabemos de antemão que o fim do nosso livro não será por nós escrito.
Alguém se encarregará de escrever "FIM".
Alguém o contará por nós, quando o nosso coração deixar de bater.
Nada fica para sempre.
Espero que o meu livro seja por alguém lido e o ache sereno.
Um livro suave para ler num fim de noite.
Que valha a pena ser lido.
Que emocione as personagens que de uma forma ou de outra estiveram sempre presentes em cada página.
E que no fim esbocem um sorriso e digam: SOL.
Até que ele, o livro acabe naquela prateleira empoeirada.
Até acabar em pó.
Até acabar em nada.
Cristina Vaz

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

 
CORAÇÃO DOÍ
 



Desde sempre escutamos expressões como:
O céu é azul.
Gostos não se discutem.
O coração não doí.
Dogmas. Frases feitas.
Mas porque se diz que o céu é azul?
Quando olham para ele que vêem?
Eu vejo cor, muita cor.
Vejo nuvens, Vejo o Sol.
Vejo passarinhos, aviões.
Estrelas....
Uma interminável palete de cores.
Gostos não se discutem.
Mas porque não?
Não discute o ser humano tudo e mais alguma coisa.
Porque deixou os gostos de fora?
Gostos que são tão discutíveis como subjectivos.
Claro que se discutem. Discutimo-los diariamente. Nem nos apercebemos disso.
Finalmente termino com a célebre expressão: O coração não doi.
Não conheço outro coração que não o meu, mas este malandro aqui por vezes doi sim.
E com tamanha intensidade que parece sair do peito.
Quando perdi a minha avó doeu como nunca me tinha doído antes.
Uma dor sem retorno que gradualmente se transformou numa serena saudade.
Mas dor. Como quando ficamos muito tristes.
Como quando pressentimos algo. Sabem? Aqueles maus feelings que se concretizam?
Doi.
Felizmente também existe o amor, a felicidade e a amizade.
Tudo mescladinho contrabalança a dor.
Por isso apeteceu-me reinventar as frases feitas.
Frases minhas.
Aqui vão:
O céu também é azul.
Os gostos também se discutem.
E finalmente: O coração sente.
E porque sente também doi.
Beijo.
Do fundo do meu coração.
Cristina Vaz

domingo, 4 de novembro de 2012

 
AS PEDRAS DA CALÇADA
 
 



Há dias dei por mim a invejar as pedras da calçada.
Parece estranho eu sei.
Pensei que depois de eu morrer, uma infinidade de pessoas as pisarão, e elas continuarão,alí, intactas.
Dia após dia após dia.
Invejei as rochas da minha Serra da Estrela, que irão continuar altas e imponentes geração após geração.
Nós, seres humanos somos frágeis e perecíveis.
Vivemos cada dia numa contagem decrescente até ao momento final.
Depois percebi que todos estes meus pensamentos eram uma tolice.
As pedras da calçada nunca irão verter uma lágrima.
As rochas nunca irão esboçar um sorriso.
Antes de morrer já estão mortas pois nunca chegaram a nascer.
Não sendo seres vivos não sentem.
De que lhes serve então essa espécie de imortalidade?
Parece um paradoxo eu sei.
De que serve à rocha a sua força e resistência se nunca irá sentir dor?
Sentir medo. Sentir.
De que serve a uma pedra de calçada que o Sol brilhe todos os dias?
Eternamente condenadas a uma existência num deserto de sentir.
Que se dane a nossa efemeridade.
Urge viver. Urge sentir.
Cada segundo.
E as pedras da calçada?
São apenas pedras. Numa calçada.
Cristina Vaz

sábado, 3 de novembro de 2012



SAUDADES




Congénere da tristeza.
Congénere da nostalgia.
Muito se tem dito sobre este sentimento.
Mais que um simples:"I miss you" dos britânicos.
Mais que o "Te echo de menos" dos nuestros ermanos ...
A saudade não tem uma definição simples ou linear tal é abrangência do seu sentir.
Saudades dos meus 15 anos em que não havia dias cinzentos.
Em que o "Romeu e Julieta" podiam ser os meus vizinhos do lado.
Em que "conhecia" efectivamente os meus vizinhos e o meu bairro.
Em que acreditava que tudo era possivel de alcançar.
Tenho saudades de acreditar em tudo isso.
Uma saudade nostálgica.
Saudades daqueles que amo e partiram fisicamente.
Cheiros, sítios vivem impregnados desta saudade.
Saudade carregada.
Saudade triste.
Saudades daqueles que ainda não conheço.
Saudades daqueles que nunca irei conhecer.
Saudades do que ainda não vivi.
Saudades do que nunca irei viver.
Aqui é uma saudade de um futuro que não existe.
De um passado que não aconteceu.
Uma saudade hibrida.
Uma coisa é certa.
É bom sentir saudade.
Só se sente saudade do que foi bom na nossa vida.
Ou do que poderia ter sido bom.
Resta-me dizer:
Ter saudades é ter amado.
É Amar.
Cristina Vaz
SOL


Há 10 anos atrás conheci uma pessoa que viria a tornar-se muito importante na minha vida.
Com o tempo fomos criando um código só nosso.
Combinámos uma espécie de pacto de sangue. Estar sempre lá. Aqui e agora.
Indiferentes à distância que nos separasse ou ao dia-a-dia.
Diriamos uma à outra SOL...e saberiamos que do lado de lá estaria tudo bem.
No Antipoda do SOL existia também uma palavra que nunca iriamos pronunciar.
Para quando tudo esfriasse, para quando não estivessemos bem.
NEVE era a palavra proibida.
O alerta. O código vermelho.
O tempo foi passando.
Muito aconteceu. O SOL mantem-se e pedi-lhe autorização para o partilhar com os meus outros amigos.
Ela disse:" O nosso SOL é precioso demais para ficar só nosso".
Desde esse dia que o "espalho" por vocês.
Hoje conhecem a sua história e sempre que vós digo SOL quero dizer-vos que estarei sempre aqui e agora.
Sempre desejando que tudo corra bem na vossa vida.
No fundo dizendo que vos quero bem.Que são importantes para mim.
Obrigada.Por estarem.
SOL
Cristina Vaz
BLUE


Não quero mais ter pensamentos tristes.
Gostava de descobrir uma borracha que apagasse da minha memória os maus pensamentos.
Uma vassoura daquelas que levasse consigo todos os fantasmas que andam perdidos no sotão.
Não quero mais pensar em tudo o que me deixa triste.
Não quero mais ficar apreensiva, angustiada não sei bem com que.
O passado passou. Ponto.
E o futuro?
Não quero mais sofrer por não saber como vai ser.
Preciso de aprender que é o presente que conta.
Que é o aqui que conta.
Que não posso sofrer com tudo o que se passa à minha volta.
Que tenho que aprender a respirar fundo.
A contar até 10.
Apesar de saber disso, não sei bem explicar, este não querer que nada quero.
Este "Melancholy Blue" que me visita.
Verdade o Blue acaba por ir embora.
Verdade é o SOL que reina...
Mas continuo sem saber porque...
Porque me deixa triste uma noite de luar,
Porque me deixa triste um silêncio
E porque anseio tanto o desconhecido
Porque sofro tanto sem motivo.
Porque fico assim. Blue.
Cristina Vaz

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

 
VERDE
 
 



Domingos Araújo.
Professor de Filosofia que veio de Braga dar aulas na minha escola.
Pronúncia engraçada.
Loirinho e pequenino.
Olho verde.
Corrigia os testes a verde.
Eu tinha 15 anos e despertava em mim o gosto pela filosofia e pelas coisas da escrita.
Comecei a escrever os testes a verde.
O professor usava uma caneta vermelha só para mim.
Era o nosso segredo.
Um dia resolve corrigir o teste com variadas cores e deixa-me um post scriptum:
"Todas estas cores são metafóricas e representam uma tentativa frustada de compreender a razão do seu verde".
Sorri ao ler.
Ele encolheu os ombros e comentou: "Não percebeu".
Com este professor aprendi que as aulas podem ser criativas.
Ansiava pelas suas aulas.
Aprendia com prazer e a brincar.
Um dia antes do ultimo teste pergunta-me se estou preparada.
"Estudou?".
Respondi-lhe com um desafio.
Iria comprar um livro nessa tarde e seria o meu estudo.
No fim do teste ele teria que adivinhar que livro escolhi.
O exame final consistia numa única pergunta:
Valeu a pena?
Quando entregou os testes deixou o meu para fim.
E começou a ler em voz alta.
Chorei.
Ele também chorou.
Neste ultimo teste deixou o seu ultimo post scriptum:
"Cristina gostei muito de a conhecer. Tenha coragem. Afirme-se e liberte essas asas. D.A"
Sim. Tive boa nota.
Sim. Descobriu o livro que tinha comprado.
Não. Nunca percebeu a verdadeira razão do verde.
Cristina Vaz
RED



Midnight.
Desço os degraus do salão.
Vestido vermelho rodado e um generoso decote.
Salto alto.
Lábios da cor do vestido.
Esta noite sou eu a Lady in Red.
Dancing with you...
Descendo à terra e aqui para nós nunca o cheguei a comprar.
Ao vestido dos meus sonhos.
Onde o iria eu usar?
Fico-me com o vermelho melancia.
Vermelho romã.
Vermelho rubor.
Vermelho sangue.
Vermelho coração.
Vermelho paixão.
Este é o vermelho que eu conheço ou conheci.
O meu vermelho quotidiano.
O meu vermelho vida.
O vestido?
Que importa....
é só um vestido.
Quem sabe um dia....
Cristina Vaz

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

BRANCO



Pureza.
Leveza.
Tranquilidade.
Paz e serenidade.
O principio e o fim.
Assim vejo eu o branco.
A cor primária que cada um de nós leva à nascença.
Uma pincelada mágica que nos dota de umas lindas asas brancas.
À medida que o tempo passa elas crescem connosco. As asas.
Crescem para fora e tornamo-nos seres luminosos,
ou crescem para dentro, tornando-as invisivéis a olho nu.
Tornando-nos invisivéis para os outros.
Alguns, optam por corta-las literalmente.
Não lhes vendo nenhuma utilidade pragmativamente cortam e pincelam o corpo de outras cores.
Outros teimam em esconde-las numa espécie de espartilho.
Fingem que não existem e elas vão atrofiando.
Perdem a cor, o brilho.
Chegam a perder a pureza.
Escurecem e nós escurecemos com elas, porque elas e nós somos só um.
Deixemos o SOL entrar. Libertemos o espartilho.
Não quero perder o meu branco...
Branco de paz...mas nunca de rendição.
Cristina Vaz
PROCURO-TE
 



Sem destino vagueio numa praia deserta.
Esperança vã de seguir o teu rastro.
Procuro-te nas marcas deixadas na areia.
No vento que passa.
Na água salgada que me salpica o vestido.
Estás em todo o lado por onde passo...
E não te encontro em lado algum.
Procuro-te e nem sei o teu nome.
Sei apenas que existes.
Algures...
Quem sabe numa praia deserta.
Cristina Vaz